sábado, 3 de outubro de 2009

De passagem para o outro planeta

Estamos em Ouagadougou desde quarta-feira para pegarmos, hoje, o avião para o planeta França. Ficaremos duas semanas para duas missões principalmente: renovar os nossos vistos e participar de um congresso em que o Eric vai apresentar um trabalho. O congresso será em Bordeaux e no primeiro dia (dia 13) vamos comemorar o aniversário do Eric também!!!

Bem, mas em Ouaga as coisas acontecem também, não podia ser diferente. Pra começar, a viagem! Olha, é nessas horas que reforçamos que tudo tem que ter seu lado positivo! Saímos de casa às 8h (com bagagens pois deixaremos algumas coisas na França) para pegar o ônibus das 9h. Mas o ônibus saiu depois das 10h. Não tem chovido (aliás faz uma semana que não chove e o calor é intenso) mas mesmo assim a viagem foi demorada pois além das estradas serem ruins, dessa vez o motorista era lento. Resumindo, fizemos os tais 230 Km de Dédougou a Ouaga em 7h! S E T E H O R A S! Num cAAAlor e com galinhas nos pés! Ficamos o resto do dia mal humorados! Temos mesmo que vir antes quando ainda se tem pela frente mais algumas horinhas de avião, não para fazer seguido. Aliás, não é bom contar com a previsão de quanto tempo leva de um lugar para o outro pois tudo pode acontecer. Aprendemos, definitivamente, que aqui o dia de pegar estrada é o dia de pegar estrada e mais nada, dependendo do que for fazer melhor viajar 2 dias antes!

Está tendo aqui um salão de turismo e, esse ano, o tema é roupa tradicional. Fomos visitar porque se tudo correr bem e o trabalho render, quando voltarmos da França vamos nos aventurar por ai, que até agora com as chuvas não foi possível. A feira não é tão grande e em um dos salões tinham uns stands de parques nacionais e passeios tipo safari. Tinha também dois macaquinhos, pelicanos, tartarugas, hiena, alguns pássaros diferentes, etc. Estávamos então fuçando pra encontrar umas dicas legais. O nosso choque foi o seguinte: nos deparamos com um panfleto da Reserva da Fauna da Comoe - Lebara que oferece a caça de animais selvagens com a seguinte tabela:

Taxas de abate (espécie - preço na moeda local e preço em euro):

Búfalo = 430 Euros
Roan (?) = 460 Euros
Oribi = 46 Euros
Babuíno = 31 Euros
Macaco = 23 Euros ... entre outros...
Observação: Em caso de abate de fêmeas ou filhotes, a taxa é o dobro.

Sem contar que num stand passavam vídeos mostrando a "aventura" e em todos eles fotos de "tubabu" sorrindo, abraçado com um nativo, com a arma na mão e com o animal morto... claro. Que tristeza!

Achávamos que fosse proibido... ficamos chocados com a naturalidade com que apresentam. Perguntamos para um expositor o nome de um dos animais, que era o mais caro da lista e aparecia em muitas fotos. Agora não lembramos o nome mas ele disse:

Ele: "Ah, esse é lindo, é grande, selvagem!"
Ju: "Então, por isso mesmo que não pode caçar e matar!"
Ele: "Hum... mas temos que valorizar também!"

???? Triste demais mesmo.

Passamos também no mercado para comprar lembrancinhas... temos que nos preparar antes. Tem que ter M U I T A paciência, teve uma hora que contei, tinham 11 vendedores cercando a gente! Onze falando no teu ouvido. Não tem como andar no mercado para ver as coisas tranquilamente. Se você demonstra estar interessado num produto qualquer, vem 5 atrás te mostrando outras opções. Além daquela história toda para negociar o preço e isso toma tempo. Enfim, uma vez vale à pena rsrsrs

Nesses dias também tem tido concertos no CCF, onde a Anne trabalha. Assistimos o show do Mikea, uma banda de Madagáscar muito boa que ganhou ano passado um importante prêmio descoberta e estão fazendo uma turnê na Africa (aqui tem audio e vídeo deles). Adoramos a musica deles, bem diferente! Nesse dia conhecemos o Daniel, um carioca que mora aqui e namora uma amiga da Anne. Nós 3 sentamos juntos ao lado de outra brasileira, a Marília, que ouviu a gente falando português e... nessa hora, passou a Iara, a petropolitana que tínhamos conhecido da outra vez com mais uma brasileira. Éramos 6! 6 brasileiros em Ouaga!

Hoje então passaremos a noite sem mosquiteiro, no ar condicionado do avião (que aliás nunca desejamos tanto) mas sem o barulhinho dos grilos também, para passarmos duas semaninhas corridinhas na França, encerrando nossa turbulenta e emocionante primeira fase em terras africanas.