segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Ju se despedindo

é... partida de novo. Até nessa hora a sensação é estranha, de altos e baixos. Estamos deixando a África, onde vivemos os 6 meses mais "doidos" de nossas vidas... poderia dizer assim. Em alguns momentos eu daria tudo para ir embora, em outros, eu poderia viver o resto da minha vida aqui.

Tudo novo, todas as nossas referências mudam... África... essa relação de amor e ódio... onde chorei tanto, onde me emocionei tanto, onde aprendi muito... espero guardar tudo isso para sempre!

O saldo é 110% positivo, gostei muito de ter vindo com o Eric, de ver o seu trabalho se desenvolver, de ver como ele foi conquistando seu espaço com coragem e estabelecendo relações com os agricultores. Estou orgulhosa! Feliz, principalmente, de ter amadurecido tanto o que estamos construindo juntos.

Conheci pessoas incríveis aqui, que passei a admirar e que torço muito para que tenham uma vida melhor, pelo menos, que consigam realizar com saúde e sucesso o que pretendem ainda... tornando esse mundo melhor.

Gostei muito de ter dado aula, de ter brincado com as crianças, de ter ajudado as irmãs de vez em quando. Isso me ajudou muito a aliviar um pouco o que vemos e não podemos, sozinhos, fazer muita coisa. Gostei de ter tido a chance de contato com pessoas de culturas, hábitos, pensamento... tudo tão diferente de mim e do que tinha visto até então. São muitas informações, é complexo e contraditório... levamos uma vida inteira para entender certas coisas.

Foram 6 meses de dias seguidos de sol, mesmo na época das chuvas. Vou sentir falta da roupa seca no quintal de casa. Vou sentir muita falta do canto dos galos e dos pássaros no amanhecer, das cabras ao longo do dia e do entardecer de Dédougou. Ah! Sem contar das noites estreladas e das luas que iluminam com força as cours onde tudo acontece.

Sou muito grata a todas as pessoas que cruzaram o nosso caminho, ao carinho e alegria com que fomos sempre tratados e recebidos pelos amigos. Todos eles não entendem o que escrevo aqui, mas não deixa de ser um reconhecimento... pelo menos aqui registrado.

A despedida

Chegou o dia! Aperta daqui, empurra dali e acabamos de conseguir fechar as malas! Estamos nos despedindo do Burkina Faso, dessa vez... nunca se sabe né!?

As últimas semanas foram muito agitadas para terminarmos o nosso trabalho, dar tchau para todo mundo e fazer mais uma mudança. Apesar do corre-corre, tudo deu certo. Conseguimos revender quase tudo que tivemos que comprar quando chegamos. Fizemos uma lista que rolou em vários lugares e também preços por pacotes e muito atraentes para conseguirmos vender tudo rápido. Os burkinabeses que não são nada bobos, correram para aproveitar essa pechincha! No final foi mais fácil do que pensamos e o nosso amigo Bakary, que comprou a cama, foi gente boa e deixou o colchão com a gente para passarmos a última noite em casa!

Como sempre é por aqui, programamos tudo e as coisas saem um pouco diferentes pois na última hora passa gente em casa e no dia em que saímos de Dédougou (sexta-feira passada), às 6 horas da manhã, já tinha começado o movimento! Era o Dramane (nosso amiguinho) para nos dar um presente. Ele veio cedo porque a aula dele começa às 7h! O presente é uma canoa esculpida em madeira que o irmão dele fez.

As despedidas foram muito emocionantes! Em casa recebemos vários amigos. Nossos vizinhos Robert e Odete (filha do Fidèle) nos deram de lembrança uma bebida bem típica, tipo uma água de côco tirada diretamente do caule das palmeiras, que tem na região de Banfora. Também nos presentearam com um lindo tecido tradicional.

A despedida do nosso amigo Fidèle também foi muito emocionante, ele aproveitou para nos dar bençãos para o nosso casamento e, principalmente, nos deu conselhos para manter a harmonia entre nós, dando especial importância para a compreensão. Nos despedimos com um forte abraço!

Na véspera da nossa partida, nos despedimos da Francine e de outros amigos. Passamos nos dois mercadinhos de Dédougou para resolver últimos detalhes e ganhamos de presente uma coca-cola de um e um biscoito de outro. Passamos também na missão das Irmãs da Madre Tereza e ganhamos de lembrança um porta-retrato com uma foto dela. A noite, jantamos com a equipe da UGCPA no maquis do Tierry. Dele ganhamos camisetas de lembrança da La Rotonde. Vamos fazer propaganda de Dédougou nas baladas pelo Brasil afora! E o presidente da União pediu a palavra e falou em nome da equipe nos dando votos de boa viagem e agradecendo o bom séjour que tivemos entre eles.

O pessoal veio buscar as coisas em casa com charretes puxadas por asnos. No dia da partida, o pessoal da UGCPA veio nos buscar de carro, o que nos ajudou muito! Saímos então de Dédougou no dia 18 de dezembro de manhã e vários amigos foram se despedir da gente na "rodoviária". O Armand nos deixou de lembrança da troupe duas dabas e tecidos tradicionais que eles pintaram com as nossas iniciais. Ah! O Amado, de um dos mercadinhos, também nos deixou uma caixa embrulhada para presente, com laço e tudo, com uma bolsa pra Ju e camisas pra gente... dentro de uma caixinha de isopor. Gostamos muito de todas as lembranças!

Enfim, ônibus pronto e lá fomos nós! Passamos esses últimos dias em Ouagadougou resolvendo pequenas coisas, nos despedindo dos brasileiros (Marília, Leila e Daniel) e refazendo as malas! Agora estamos quase prontos e passamos por aqui para deixar um último recadinho escrito em terras burkinabeses!

Obrigado a todos vocês que seguiram essa nossa aventura! teremos a ocasião de conversar ao vivo sobre isso tudo em breve, pois na quarta embarcamos para o Brasil! Afinal, o que pudemos escrever aqui é só uma pontinha de tudo o que vivemos nesses seis meses!

sábado, 12 de dezembro de 2009

E as despedidas começam

Semana passada o Pierre deixou Dédougou, agora ele vai morar em Ouagadougou, melhor, vai ficar direto lá, pois ele já tinha a casa dele com a Anne. O Pierre veio para o Burkina Faso fazer um estudo sobre impacto ambiental para a FARM (Fundação onde o Eric trabalha). Mas em outubro ele foi contratado, por tempo indeterminado, para ficar por aqui e coordenar um dos projetos da fundação (Projeto Vivrier). Esse projeto acontece não só aqui no Burkina mas também no Mali, Gana, Benin... isto é, o Pierre vai viajar bastante pela África do Oeste. Na semana passada também desembarcaram aqui o diretor da FARM (Bernard Bachelier) e diretor adjunto (Billy) para visitas oficiais e apresentações do estudo que o Pierre fez.

Bem, foi tão corrido que quando vimos... já tinha acontecido... as coisas estão em andamento... o tempo voando! Os amigos já tocam no assunto, os prazos chegam ao fim e a casa está aos poucos ficando mais vazia. Hora de levantar acampamento... de novo!

Nesta quinta-feira recebemos a visita do nosso professor de Dioula, Laurent, com a sua esposa, que está grávida, mais suas três filhas. Eles vieram pra gente conversar com mais calma antes da partida. Ultimamente não estávamos mais tendo aulas porque, além dos problemas de saúde que eles tiveram, Eric e Pierre não pararam em casa. Mas tivemos um contato muito amigável e ficamos contentes em ter tido esse momento com eles. Não tínhamos preparado nada de especial, mas a esposa do Laurent chegou aqui com uma panela de feijão verde com carne e outra com uma espécie de canjica (acho que não tem nada parecido no Brasil). Colocamos um desenho animado para as crianças assistirem. No final, o Laurent pediu para fazermos uma oração, com todos juntos. Ele fez uma oração muito bonita, agradecendo a Deus pela nossa amizade, nosso apoio e pedindo pela nossa saúde e proteção, nossa e da nossa família no Brasil. Rezamos juntos um Pai Nosso, cada um na sua língua e eles terminaram cantando pra gente... e eu terminei chorando!