segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Palu

Palu é como todos chamam por aqui o paludismo, mais conhecido no Brasil como malária! Segundo a Wikipédia: a malária mata 3 milhões de pessoas por ano, uma taxa só comparável à da SIDA/AIDS, e afeta mais de 500 milhões de pessoas todos os anos. É a principal parasitose tropical e uma das mais frequentes causas de morte em crianças nesses países: (mata um milhão de crianças com menos de 5 anos a cada ano). Segundo a OMS, a malária mata uma criança africana a cada 30 segundos, e muitas crianças que sobrevivem a casos severos sofrem danos cerebrais graves e têm dificuldades de aprendizagem. Há, todos os anos, 300 a 500 milhões de casos da malária, dos quais mais de 90% na África.

Sabíamos que o índice de casos aqui em Burkina é um dos mais altos e por isso é altamente recomendável tomar medicamentos que diminuam os sintomas. Não existem medicamentos que evitam o palu, somente alguns que minimizam os sintomas que podem variar muito de pessoa para pessoa. No geral, esses sintomas são febre alta, cansaço intenso, vômitos e em alguns casos convulsões. No caso das crianças, a maioria delas precisam fazer transfusão de sangue.

Pelo que nos informamos, os medicamentos que são específicos para o palu têm efeitos colaterais muito fortes, que além dos mais comuns também dão manchas na pele (por causa do sol), levam à depressão e conhecemos casos de pessoas que tiveram alucinações. O remédio que tomamos é o malarone, menos forte mas ele é um pouco mais caro que os outros. Em todas essas alternativas, o tratamento é de 3 meses, mais tempo corre-se o risco de não resolver mais. Então, quem mora aqui mais tempo ou toma por 3 meses ou não toma.

A época do ano em que os casos aumentam muito é a época das chuvas (que terminou no início de outubro) e é principalmente nesse período que precisamos nos cuidar, tanto com os medicamentos quanto com os mosquiteiros para dormir (o mosquito ataca mais durante a noite), incensos, repelentes, sabonete anti-mosquito, citronela, gerânio e tudo o que ouvimos dizer que é bom!

Bem, tudo isso para comentar que uma das coisas que nos chamaram muita atenção foi que os casos de palu são mesmo muito frequentes, mais do que pensávamos. TODOS com quem temos contato tiveram crises, algumas pessoas mais de uma, duas vezes. Sem contar os que comentam dos vizinhos e familiares. Quando voltamos da França o Pierre teve uma crise, pela primeira vez, e a Anne estava saindo de uma. Parece que enquanto tomamos os remédios, os sintomas ficam "escondidos" e dependendo da pessoa não se sente nada. Mas como o Pierre, por exemplo, parou de tomar o remédio nesse período, os sintomas vieram à tona. Mas ele está bem agora, curado. Por outro lado, nós dois também paramos nessas duas semanas e nada veio à tona, pelo contrário, ficamos aliviados de não ter os "pequenos" efeitos colaterais que tivemos desde o início!

Aqui o povo não toma esses medicamentos, é caro pra gente, mais ainda pra eles. Costuma-se tomar quinina (também temos no Brasil) mas o problema é que eles falam que essa planta também tem seus efeitos colaterais, parece que ficam meio surdos durante o tratamento. Enfim, é uma praga esse palu!

Vemos por aí que tem campanhas e cartazes incentivando o povo a dormir dentro dos mosquiteiros... mas o que falta mesmo é uma "vontade macro" para erradicar o mosquito do palu (Anopheles)! A malária é uma das *doenças negligenciadas* - seja por insuficiências das políticas públicas de saúde, seja por desinteresse da indústria farmacêutica em pesquisar novos medicamentos para doenças que atingem as populações mais pobres, em áreas igualmente pobres - portanto, fora do mercado. Acrescentamos que o que vimos ambém tmuito por aqui é que as pessoas têm preguiça de usar o mosquiteiro, elas têm mas não usam na hora de dormir :/

4 comentários:

  1. Ju e Eric,

    eu e o Bernardo adorammos suas historias. Estamos aqui na torcida. Grande beijo e sucesso pra vcs. Dani e Be

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  2. oi Ju e Eric, tenho acompanhado o blog de vcs, muito legal! Sobre a malária, é realmente um problema sério. Em 96, o Américo passou 6 meses em Angola em missão pela ONU, e era obrigado a tomar mefloquina diariamente, sendo que no final da missão pegou malária e a dose aumentou no período dos sintomas. A recomendação da Onu, na época era para tomar mefloquina como prevenção. Acredito que vcs devam continuar a se proteger para evitar maiores conseqências. Aqui, no Brasil, conhecemos pessoas ligadas a militares que moram na amazônia que já estão na sua terceira ou quarta malária. Realmente é estranho este descaso com esta doença. E sabemos que ela mata.
    Beijinhos e se cuidem!!!!!
    Ana Lucia Valdetaro

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  3. Caramba, tô chocada com isso...
    Amigos, continuem se cuidando!!
    amo vcs!
    Falta pouco!!!

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  4. pra encontrar vcs!!
    ficou de fora essa frase...
    hehehe

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